Cresci numa casa com muita vida. Cheia de afetos, confusões e complicações, comida na mesa, pais equilibrados e que sempre me proporcionaram experiências, independentemente das dificuldades da época. Houve sempre muitos animais de estimação até ao dia que descobri que tinha uma alergia extrema a gatos e seria essa a grande causa de estar doente. Um dia cheguei a casa e ele já não estava lá. Achei que me ia curar e um dia ia buscá-lo. Nunca aconteceu. Ele morreu duas semanas depois na casa onde ficou. Chamava-se Sherman. A partir desse dia criei um muro à minha volta e nunca mais toquei em animais, nem criei qualquer tipo de emoções ou sentimentos por eles. Foi a defesa que consegui arranjar até hoje. Mas a vida dá tantas voltas... Depois de ter pensado mais no "piolho encardido" do que no meu egoísmo de não querer ter trabalho, ou que a minha menor percentagem de alergia aos cães se revelasse maior que aos gatos atualmente, tomei a decisão. Um pulguento bebé nascido em agosto estava destinado a pertencer à nossa família. Confesso que foi estranho e ainda não consigo quebrar alguns "bloqueios", mas revelou-se em mim novamente um instinto maternal. Já lhe toco no focinho, faço festas, limpo-lhe o rabo com toalhitas e quando lhe pego por baixo na barriga para lhe limpar o pelo, ele rosna e acho imensa piada. Dorme bem e acorda às seis da manhã e eu acordo também. Limpo os cocós e os xixis e chamo-lhe "monte pulgas". Ele anda atrás de mim e morde-me os pés. Sinto que de manhã é o meu momento de criar laços com ele, parece que me escondo e não quero que ninguém aqui saiba que já o adoro e cresce um amor dentro de mim por animais que há muitos, muitos anos não se revelava. Acho que tomei a decisão certa. Não quero que o "piolho" cresça sem ter estas experiências e me culpe um dia. Afinal era só um cão. Um cão que também nos vai proporcionar muitas alegrias e companhia. O "piolho" cresceu, já vai para a escola sozinho, os amigos do bairro já tocam à porta para ele ir para a rua e ele não tem qualquer problema em ajudar na educação do pulguento. Limpa cocós, brinca com ele e dá-lhe comida na mão. Acho que escolhi a altura perfeita. Scott, é o nome dele. Agora já sabem porque que é que as receitas andam em banho-maria.
Ingredientes:
- 1 placa de massa folhada de compra
- 4 maçãs vermelhas com casca e sem caroço e cortadas às fatias não muito grossas
(ou as suficientes para cobrir a tarte)
- açúcar em pó para polvilhar q.b.
Para o creme de pasteleiro*:
- 75g de açúcar refinado
- 30g de farinha de trigo
- 1 ovo inteiro e 1 gema (usei tamanho L)
- 250 ml de leite
- 1 pau de canela
- 1 casquinha de limão
Preparação:
Preaquecer o forno nos 220º.
Levar o leite a ferver com o pau de canela e a casca de limão. Desligar o lume e reservar.
Misturar o açúcar com a farinha e de seguida juntar os ovos, mexendo bem até ficar uma mistura homogénea. Coar o leite e verter aos poucos no preparado dos ovos, sempre a mexer com a vara de arames.
Levar ao lume até ferver e engrossar, mexendo várias vezes com a vara de arames ou a colher de pau para não pegar no fundo. Verter o creme para arrefecer num recipiente e tapar com película aderente de forma que toque mesmo no creme.
Levar ao lume até ferver e engrossar, mexendo várias vezes com a vara de arames ou a colher de pau para não pegar no fundo. Verter o creme para arrefecer num recipiente e tapar com película aderente de forma que toque mesmo no creme.
Desenrolar a placa de massa folhada e colocar na tarteira com o papel vegetal por baixo. Picar o fundo com um garfo para não empolar.
Colocar o creme na massa e por cima as maçãs alinhadas a gosto. Levar ao forno que já está pré-aquecido nos 220º durante 10 minutos para a massa folhar e de seguida baixar para os 180º e deixar mais 20/25 minutos para acabar de cozer até o
creme estar firme, as maçãs e a massa douradas.
Retirar do forno, deixar arrefecer por completo e servir polvilhada com açúcar em pó a gosto. Bom apetite!
* Receita do creme de pasteleiro retirada de uma Tele-culinária antiga do Chef Silva, explicada por palavras minhas.
A tua tarte está linda! Sou fã de tartes com maçã! Aqui em casa também veio morar um gatinho selvagem e pulguento que se revelou a coisa mais fofa e meiga! Antes de casar tive um gato que só faltava falar. Um dia morreu e decidi que não queria mais gatos. Só que este estava destinado para nós! E não me arrependo pois tal como tu acho importante os miudos terem um animal de estimação! Acho que fizeste bem! O cãozinho vai ser um ótimo companheiro não só para o piolho mas também para ti! Até é bom termos "alguém" que nos ouve enquanto cozinhamos! Beijinhos
ResponderEliminarMiaus não posso ter, mas como te compreendo. Estou apaixonada por este pulguento novo membro da família. E o melhor de alguém que nos ouve é que eles nunca nos respondem torto eheheh e dão nos sempre razão ;). beijocas e boa semana. Por aqui já chove.
EliminarAdoro estas tartes :)
ResponderEliminarDeixei um prémio virtual para ti no meu blogue :)
Beijinhos...
Blog: Guloso qb
Obrigada Carla! beijinhos e bons cozinhados
EliminarAdorei a tarte e a descrição do novo membro aí da casa! Adoro animais, e cães são os meus predilectos. Muitos Parabéns pelo gesto. Estou certa que o "piolho" vai adorar.
ResponderEliminarObrigada pelo grande incentivo. Confesso que estou a sentir emoções e afetos que há muito guardava a sete chaves. O piolho adorou claro! bjs
EliminarAdoro tartes de maçã, esta versão com creme de pasteleiro é das minhas favoritas a tua além de ser deliciosa ficou fantástica. Muito bonito e com um aspecto delicioso.
ResponderEliminarhttp://maisdocequesalgado.blogspot.pt/
Obrigada pelo simpático elogio. Foi mais uma versão de tarte de maçã e bem simples já com a massa de compra, e melhor ainda nem descasquei as maçãs. :)
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