Também eu vou de férias. Voltarei assim que se justificar. Levo comigo a vossa simpatia, o vosso carinho e quero acreditar, que a vossa sinceridade. É tudo o que peço. Seja ela dura ou não. Levo a alma aliviada, mas o coração destroçado. Alguém destroçou o meu coração. De tão partido que ficou vai ser certamente um desafio reconstrui-lo, tal puzzle de 1000 peças. Nada é impossível. É preciso acreditar em nós. Tudo de bom que levo da vida são recordações guardadas no meu coração, sempre dispostas a saírem da boca para serem revividas. Pessoas, momentos, ou pensamentos que marcaram a diferença estarão sempre comigo. Mas estou triste e desapontada com as pessoas. Parte de mim ainda luta para não desistir deste mundo fútil em que vivemos. E hoje dei comigo a pensar, que há muito tempo ninguém me diz o quanto eu marquei a diferença nas suas vidas e se eu morresse hoje, morria sem mais essa recordação no meu coração. Custa? Custa falar, ser honesto/a, expressar os sentimentos? Já pensaram na diferença que isso faria numa pessoa como eu? Um dia acordei e percebi, que todos se aproveitam da minha doce ingenuidade. Do meu desculpar sempre tudo e todos. Alguém ultimamente já se deu ao trabalho de me agradecer, de me abraçar? É tudo o que me faz feliz. Esqueçam as prendas caras, esqueçam isso tudo. E que tal um abraço apertado, que tal? Que tal aquele abraço que nem precisa de legendas, que tal apertarem-me com tanta força e não quererem largarem-me mais? Custa? E a mim, não me custou todos os sacrifícios que fiz pelas pessoas que me rodeiam? Mas nem tudo é negativo neste meu coração destroçado, guardo grandes momentos e boas gargalhadas. A minha querida amiga que morreu faz amanhã 3 anos fez de mim o ser mais belo e ainda hoje recordo. Marquei a diferença na vida dela e a dela marcou para sempre a esperança que poderei vir ainda a ter no ser humano. Doente, enganou-me durante largos meses, fingindo que quando estivesse melhor ia a minha casa. E eu dizia-lhe: “Eu vou-te buscar e levo-te”. E ela mentiu-me, enganou-me, escondeu-me e fez de tudo para eu não sofrer. Foi lindo demais. Recordo isso como uma das melhoras coisas que me fizeram sentir. E no dia da sua morte senti o quão importante eu fui para ela, mesmo não estando presente nos seus últimos dias. Falava com ela diariamente por telefone ou pela internet. Ingenuamente ajudei-a a encontrar, pelo menos tentei, amigos em comum. E afinal ela queria era despedir-se de todos, um a um. E a mim sempre me dizia: “Depois quando estiver melhor a gente combina qualquer coisa”. No dia da sua morte estranhei a sua ausência e liguei-lhe e senti que estava perto do fim, e que afinal ela sabia-o bem. Disse-me : "Adeus"... e eu respondi: “Adeus amiga fica bem”. E morreu… Não há carro novo, telemóveis topo de gama, casas com piscina, que me darão aquilo que ela me deu.
O meu coração vai destroçado, esperando que eu mesma cole todos os pedaços. Pois tudo está nas minhas mãos. E no dia que não estiver, é porque desisti eu mesma de mim. Falta-me as forças para ir de mochila às costas, à procura da Carla. E a vontade de encontra-la é pouca, porque neste momento só lhe diria: “Vai, voa e liberta-te de mim!”
Estou muito longe de atingir a perfeição, muito mesmo. Mas estou mais perto que muitos humanos. Também magoo, também digo disparates, mas não descanso enquanto não remendo o mal que provoquei. E faço-o até à exaustão.
E assim tomei o vosso tempo. Se magoei alguém, já sabem, é só me dizerem que eu emendo o mal que fiz. Aprendi que pedir desculpa é das melhoras qualidades que podemos ter. Mas é preciso sentir, sentir verdadeiramente.
Por isso sugiro, sejam verdadeiros, amigos, ajudem-se e deixem-se ser ajudadas/os. A vida resume-se a isto. Sejam felizes. Um abraço apertado a todas/os.