Mais filosofias de bolso e se não houver paciência por aí, façam favor de passar à receita.
Umas fazem ioga, outras vão ao psicólogo, outras tiram cursos de cerâmica, outras dedicam-se aos tapetes de arraiolos, outras entregam-se à dor, e eu? E eu cozinho. E foi assim a tarde de ontem, numa tentativa de alinhar os chakras. Claro que não resultou! Sou uma mulher desalinhada por natureza, desenquadrada por opção e incompreendida pela maioria do comum mortal. Só quem tem a chave é que entra. Sou assim uma espécie de jogo com enigmas que quando alguém perde tempo a procurá-los encontra o melhor lugar no meu mundo. Sempre foi assim, apesar de mulher madura, a minha essência será sempre a mesma. Ou amam ou odeiam. Infelizmente, e até me dá vontade de rir porque nunca foi assim, odeiam mais que amam, neste momento atual. É o ciclo da vida, passar por várias provações para que o mundo me defina. Sou rija, venham todas as provações, venham tempestades, venham fins do mundo, que eu estou cá para passar por isso tudo. E porquê? Porque estou viva.
E é precisamente porque estou viva que sou mulher para me enfiar na cozinha uma tarde inteira. Local onde ainda encontro aquela paz que preciso, e em vez de um jantar para três, cozinhei três jantares diferentes para três que davam para três dias, já para não falar que fiz este pão ázimo super rápido e que não precisa nem deve levedar, e no frigorífico uma panela grande de sopa para juntar à festa. Porque eu sempre quis que a minha vida fosse um banquete. Um banquete de amigos, um banquete de família unida, um banquete de histórias engraçadas para contar, um banquete de emoções, sentimentos e experiências, um banquete de tudo. Não sou uma mulher de meio termo. Quero tudo da vida que tenho direito que não seja bens materiais. Enquanto espero vou cozinhando. E ontem para o jantar houve à escolha, uma feijoada de choco com arroz branco, uma salada de salmão, batata, ervilhas, cenoura e couves de bruxelas e ainda um frango assado envolto numa massa simples de farinha e água. Hoje já não posso cozinhar, sob pena de se acumular um banquete no meu frigorífico. Bom fim-de-semana!