quinta-feira, 19 de maio de 2016

Lulas grelhadas com molho de tomate à mãe Beta

Por muito que eu queira, por muito que a sociedade exija, eu nunca serei uma pessoa ambiciosa. Eu sou uma mulher simples que dá valor aos pormenores. Gosto de colecionar histórias e emocionar-me com elas cada vez que as conto, gosto de conhecer pessoas que se destacam na multidão, gosto da vida humilde e simples. Nunca mostrarei aquilo que não sou, só para parecer maior. Aquilo que veem, é exatamente o que sou. Mas há dias que me esqueço de agradecer, porque a verdade é que não sei bem a quem agradecer, visto não ser crente. Há dias que o facto de morar num prédio sem elevador não tem qualquer importância, ao pé do privilégio de morar perto do mar. Há dias que me arrependo de reclamar, embora eu ache que reclame pouco. Há dias que sinto uma enorme vontade de agradecer tudo aquilo que tenho na vida. Para uns será pouco, para mim é tanto. Chegar a casa e ter lulas fresquinhas porque o "mais-que-tudo" foi ao fim da tarde à praia esperar os pescadores para fotografar e trouxe-me um "ramo" de lulas.  Já recebi de tudo. Bacalhau, malaguetas lindas vermelhas que surrupiou, figos, maçãs e amoras que ficam ao dispor de quem as quiser. Já recebi os presentes mais lindos dele e para lá de originais. Foi o único homem que conheci que aperfeiçoou um prato para mim, que eu costumo dizer que se fechar os olhos já consigo distinguir que é o prato dele, esparguete guisado com frango, que ele demora horas a fazer para que fique bem apurado e perfeito para mim. Depois das lulas acabadas de sair do mar, o que as torna melhor ainda? Poder ligar à minha mãe e ouvi-la atentamente explicar-me como eram as lulas grelhadas que ela fazia para nós. Ela repete, repete, repete vezes sem conta, para que as suas palavras tomem forma na minha cabeça e eu possa fazer a receita exatamente como a dela, e todos os detalhes são importantes, desde o dedo que tenho de colocar dentro da lula para retirar o interior, até à temperatura exata que tem de estar o grelhador.  E eu fico embevecida a beber as suas palavras. Ela é a minha cozinheira de eleição, foi ela que deixou estas marcas na minha memória. Ela deu-me a vida, e voltou a dar-me outra quando um dia me abraçou e disse vai tudo correr bem. Nasci de novo. Nunca poderei agradecer convenientemente o significado que aquele abraço em 1996 teve para mim. Obrigada Mãe, tanto que fizeste por mim, e eu que um dia achei que esse tanto era pouco, mas afinal o tanto era mais ainda.
Que se lixe se já passou o dia da Mãe. Para mim pode bem ser hoje!
A vida? A vida é boa!






terça-feira, 17 de maio de 2016

Bifanas no pão

É claro que não são as bifanas de Vendas Novas, mas é claro que são igualmente boas e baratas para os jantares de fim-de-semana para fazerem companhia a um caldo verde por exemplo. Lá por casa são sempre temperadas da mesma forma e nunca falha. Depois é fazermos aqueles truques que aprendemos com as mães. Bifanas o mais finas que se conseguir (as minhas eram daquelas embaladas e bem grossas e mesmo com tanta pancada não ficaram tão finas como eu queria) e temperadas no dia anterior, servir sempre em carcaças e previamente torradas. Apurar o molho e na hora de servir besuntar uma das partes da carcaça com este molho. Por aqui eu só gosto com mostarda, mas os meus dois amores adoram estragar a coisa com maioneses e ketchupes. Cada um sabe de si e na minha bifana nem pensar!

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Tarte tatin de banana e moscatel

Estava curiosa para experimentar a banana numa tarte tatin. É uma textura diferente da maçã, mas é muito saborosa também. Juntei à banana um pouco de vinho Moscatel e o aroma da laranja, e acho que a combinação foi bem simpática. É uma receita com alterações apenas no recheio , mas mesmo assim acho que vale sempre a pena partilhar estas pequenas diferenças. A massa é muito fácil de fazer e acho que faz todo o sentido não a comprarem feita nesta receita.
Acompanhar uma fatia com uma bola de gelado simples fica divinal. Boa semana!


quinta-feira, 12 de maio de 2016

Bolo de limão simples

Quando o meu forno regressou definitivamente a casa fiquei com medo de o usar. Deixei-o lá para um canto uns dias e nem o limpei. Foi duas vezes para o norte para o fornecedor. A porta mal montada fez com que tivesse de leva-lo de volta assim que cheguei a casa e verifiquei o erro. Bem, a verdade é que todo este inconveniente tornou-me ainda mais desenrascada na cozinha, e preparar durante mais de um mês pratos sem forno foi uma ginástica boa. Ele voltou! E quando o ia limpar por dentro percebi que já não era o meu forno. Além da porta nova enviaram-me todo um forno novo, e eu que nem tinha reparado. Vidros partidos não são cobertos pela garantia e tive de pagar o vidro claro, apesar deles não trocarem vidros e colocarem uma porta nova. Eles quiseram compensar-me do transtorno do "vai e vem" e acho que me arranjaram um problema. Olho para o forno e não tem as marcas do tempo. Do tempo em que eu e ele fizemos companhia um ao outro, nos dias felizes, nos dias tristes, nos dias assim assim. Foi preciso muitos cozinhados para o perceber e agora que éramos tão felizes os dois, puf... Ele foi e voltou outro. Não vos consigo explicar por palavras, e até parece que endoideci com esta conversa, mas sinto realmente falta do meu forno e quem me dera que não o tivessem trocado por um novo. Agora começo tudo outra vez e nada como o bacalhau de ontem e o bolinho de hoje para criar laços com ele. Esta é a história da minha vida, um entra e saí de pessoas e coisas e um "tenho de começar outra vez", outra vez...
Já vos disse que este bolo fica muito fofo e com uma aroma delicado a limão? Não? Pois, então é isso que realmente interessa, deixem lá os meus desabafos tontos.

quarta-feira, 11 de maio de 2016

Bacalhau com broa

Pratos de bacalhau nunca são demais. Eles adoram bacalhau, pai e filho. Eles gostam dos lombos inteiros no prato e ainda discutem sobre quem consegue lascas maiores. Eu passo a vida a dizer que tenho de fazer render o peixe e assim puder levar uma travessa grande à mesa. Com broa é sempre um clássico cá por casa. Fazer um refogado com cebola e alho e depois envolver a broa fica uma delícia. Comprovem.