Como a maioria das mulheres (julgo eu) tento manter um equilíbrio na alimentação da minha família. Comer de tudo um pouco e preferir sempre produtos frescos e não processados, como muito se tem falado. Claro que quando o assunto arrefece já ninguém tem cuidados ou pensa muito nisso. Eu cá continuo a fazer o que sempre fiz, equilibrar. Uma das coisas que tentei mudar também ao longo dos anos, foi o consumo de peixe. Cresci numa casa que se comia muito peixe, e ainda hoje é assim. Quando fui viver para a minha casa, o "mais-que-tudo" vinha muito mal treinado com o peixe, era vê-lo engasgar-se a toda a hora, e com o receio fui preferindo os medalhões, mimos, tranches e afins, ou então o salmão e o bacalhau que eram fáceis de comer. A pouco e pouco fui introduzindo novos peixes, ensinando as regras base e de como safar-se sem ficar atravessado com uma espinha na garganta. Comecei sempre pelos fáceis, bacalhau, postas de salmão e pescada, depois os carapaus, o peixe espada, um dia um robalo, noutro uma dourada, noutro um pargo e por aí fora. Ganhei esta batalha com todo o orgulho de uma mãe de família que zela pelo melhor de todos. O "piolho" obviamente levou com este tratamento choque do peixe com espinhas desde que me lembro. Até mesmo um simples bacalhau à brás ou outros pratos com o peixe em lascas, eu digo sempre, não confiem em ninguém, nem em mim, porque podem sempre encontrar uma espinha. Durante meses, anos até, fui repetindo sempre a mesma coisa, cada vez que levava peixe à mesa. Puxem a pele, retirem as espinhas de lado assim, ponham-nas fora do prato, olhem para a garfada antes de pôr na boca, depois sintam com a língua e só depois engulam.
Imagino como fui chata...Mas está feito, a minha missão "peixe com espinhas" está cumprida! Quer dizer falta as sardinhas vá... que é só o meu peixe predileto... mas eu vou chegar lá.